Escádia Grande

Ouro - Estanho - Tungsténio
Escádia Grande

A EDM detém os direitos de prospeção e pesquisa na área denominada Escádia Grande, para minérios de ouro, prata, cobre, chumbo, zinco, estanho, antimónio e tungsténio.

O contrato nº MN/PP/009/14, celebrado com a DGEG no dia 23 de setembro de 2014 tem a duração de 3 anos (2014-2017), com a possibilidade de duas prorrogações de 1 ano cada. A área abrange os concelhos de Góis, Pampilhosa da Serra, Castanheira de Pêra, Arganil e Pedrogão Grande, com uma área de 252,75 Km2.

Em toda a área de prospeção conhecem-se ocorrências mineiras de dois tipos: estano-tungstíferas (Sn-W), auro-argentíferas (Au-Ag) e auro-antimoníferas (Au-Sb).

A atividade mineira ocorreu durante um largo período de tempo, desde a época romana até aos anos de 1970. Em 1957, foi fundado o Couto Mineiro de Góis com cerca de dezassete concessões entre elas a concessão de Vale de Pião e de Sandinha (Mina de Senhora da Guia), que correspondem às minas mais relevantes para estanho e tungsténio, respetivamente. A mina da Escádia Grande (Au) laborou até finais dos anos de 1950 e representava a mais importante mina de ouro da região.

GEOLOGIA REGIONAL

A área de prospeção encontra-se no setor sudoeste da Zona Centro Ibérica junto ao contacto com a Zona de Ossa Morena e pertence à faixa metalogenética estano-volframíticas de Góis-Segura. Esta faixa apresenta uma área de aproximadamente 8.000 Km2 e é conhecida por possuir grandes jazigos que deram origem às minas da Panasqueira (W-Sn-Cu), Argemela (Sn), Segura (W-Sn-Pb) e Góis (W-Sn).

A região de Góis localiza-se na serra da Lousã e é marcada por relevos acentuados dos quais se destacam os Penedos de Góis. Estes relevos são constituídos por cristas quartzíticas de idade Ordovícica que pertencem à Formação do Quartzito Armoricano, e atingem cerca de 1.043 metros de altitude. Os Penedos de Góis são relevos de dureza, bastante alongados com direção N30ºW. Estes relevos encontram-se encaixados em xistos e grauvaques mais antigos, pertencentes ao complexo Xisto Grauváquico do Grupo das Beiras, de idade Neoproterozóica, onde predominam as duas litologias anteriores mas ocorrem também níveis conglomeráticos. O Complexo Xisto Grauváquico encontra-se dividido, nesta região, em três formações, que da base para o topo são: Formação Caneiro, Formação Boque Serpins e Formação do Colmeal.

Para noroeste, o Complexo Xisto Grauváquico é separado de depósitos sedimentares do Cretácico ao Quaternário pela falha de Góis. Esta falha, de direção NE-SW é a principal estrutura da região e apresenta agora movimentação inversa que provoca o cavalgamento do Complexo Xisto Grauváquico mais antigo, sobre as unidades Meso-Cenozóicas mais recentes.

O dobramento na região é bastante bem evidenciado por toda a área, sendo visíveis os anticlinais e sinclinais de direção NW-SE correspondentes à 3ª fase de deformação varisca e clivagem associada. Diversas falhas de direcções dominantes NNE-SSW, N-S e NE-SW ocorrem na área e podem apresentar localmente preenchimentos significativos de quartzo.

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

Por toda a área de prospeção são conhecidas várias ocorrências minerais de Sn-W e Au-Ag(Sb), muitas delas alvo de explorações mineiras de diversas escalas.

As ocorrências e antigas minas de Sn-W localizam-se essencialmente no setor NW da área de prospeção e pertenciam ao campo mineiro de Góis. A exploração mineira nesta província metalogenética teve o seu auge durante a II Guerra Mundial, sendo a zona tungstífera mais produtiva de Portugal nessa época.

Em 1957 foi fundado o Campo Mineiro de Góis com cerca de dezassete concessões entre elas a concessão de Vale de Pião e de Sandinha (Mina de Senhora da Guia), que correspondem às minas mais relevantes para estanho e volfrâmio, respetivamente. A Mina da Senhora da Guia laborou entre 1949-1972. Neste período foram abertos 8 níveis de galerias numa extensão de 350 m atingindo os 126 m de profundidade. A exploração focava-se em filões de quartzo sub-verticais com mineralização volframítica. A mina de Vale Pião, laborou entre 1946-1969, explorava filões de quartzo sub-horizontais com mineralização dominante estanífera. Após o encerramento da mina, já nos anos 80, o SFM realizou uma campanha de prospeção onde foram realizadas 25 sondagens abrangendo a zona dos trabalhos mineiros e a sua envolvente, totalizando 3200 metros furados.

Enquadramento geológico da área de Escádia Grande
Mineralização estano-tungstífera

As mineralizações estano-volframíticas ocorrem essencialmente na zona N-NW da área de prospeção e são associadas a intrusões graníticas não aflorantes.

As mineralizações de Sn-W ocorrem em dois tipos de estruturas: filonianas e brechas/stockworks.

As estruturas filonianas, de direção geral NW-SE, caracterizam-se pelo preenchimento quartzoso com cassiterite, volframite e mais raramente scheelite. Estas podem ser sub-verticais ou sub-horizontais, ambos apresentando uma direção geral NW-SE. Apresentam possanças que não ultrapassam os 0,60 m e além da mineralização útil contêm também sulfuretos (arsenopirite, pirite, esfalerite, pirrotite, calcopirite), micas, turmalina e apatite. A Mina da Senhora da Guia (W) explorava essencialmente filões sub-verticais com volframite. Já a Mina de Vale Pião (Sn) explorava filões de quartzo sub-horizontais com cassiterite e alguma volframite dominante.

As estruturas do tipo brecha/stockwork estão identificadas em dois locais: na antiga Mina de Vale Pião e no setor de Vale Moreiro – Casal Loureiro. Instaladas em zonas de cisalhamento, tardi-variscas a alpinas (NNE-SSW), estas estruturas apresentam mineralização essencialmente tungstífera, e menor mineralização estanífera.

Geologia e localização das antigas minas de Sra da Guia (W) e Vale Pião (Sn-W) e setor de Vale Moreiro – Casal Loureiro
Mineralização aurífera

As mineralizações auríferas estão associadas a estruturas filonianas de quartzo e sulfuretos que ocorrem em cisalhamentos NW-SE.

Na mina da Escádia Grande a mineralização aurífera ocorre em estruturas filonianas de morfologia tabular a lenticular de direção geral N30º-55ºW, pendor variável entre 50º-60ºSW e possança entre 0,50-0,70 m. As estruturas filonianas apresentam preenchimento essencialmente quartzoso com arsenopirite fortemente associada à mineralização aurífera, mas também outros sulfuretos (galena, esfalerite, pirite) e clorite. Este jazigo é afetado por falhas de direções NNE-SSE e ENE-WSW, promovendo importantes rejeitos, nomeadamente horizontais, que deslocam a estrutura mineralizada.

A zona de Vale Pião foi também explorada pelos romanos para ouro. Neste setor, foram identificadas brechas de direção NNE-SSW com quartzo e sulfuretos que poderão ser as estruturas portadoras da mineralização aurífera.

Geologia e antigos trabalhos mineiros da mina da Escádia Grande
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